O Bom-Crioulo conta a história de Amaro e Aleixo, a partir de uma perspectiva naturalista, isto é, de condenação da homossexualidade. Além disso, traz uma visão determinista, em que o meio corruptor (a Marinha) e a raça (Amaro é negro) determinam as atitudes dos dois personagens. A obra foi recebida com escândalo pela crítica literária da época e com silêncio por parte do público, devido a ousadia na abordagem de temas considerados tabu em finais do XIX, como o sexo entre pessoas de diferentes raças e a homossexualidade em ambiente militar. Além disso, apresentava um erotismo pouco usual para a sociedade da época.
Apesar de ser uma obra visivelmente racista e homofóbica, O Bom-Crioulo tem valor histórico. Esse trabalho do autor é o primeiro romance brasileiro cuja temática principal é a homossexualidade. Assim, apesar do tom condenatório e punitivo, pela primeira vez na história da literatura brasileira, o protagonismo é dado a personagens homossexuais.
Adolfo Ferreira dos Santos Caminha nasceu em Aracati (Ceará) a 29 de maio de 1867 e morreu precocemente, aos 30 anos, no Rio de Janeiro em 1° de janeiro de 1897. Um dos principais representantes do naturalismo no Brasil, sua obra, densa, trágica e pouco apreciada na época, é repleta de descrições de tragédias, perversões e crimes. O naturalismo de Caminha retrata os vícios do homem, a sexualidade, a traição e o homossexualismo, sem fugir da polêmica. Suas obras são caracterizadas pelo determinismo e pela zoomorfização, como é possível verificar em seu livro mais famoso, o romance Bom-Crioulo. O estilo de escrita era simples, comnuma linguagem acessível. Adolfo Caminha colaborou também com a imprensa carioca, escrevendo para os jornais, Gazeta de Notícias e Jornal do Comércio. Nos últimos anos de vida, já tuberculoso, lançou seu último romance, "Tentação", em 1896.