Publicada em 1917, Era uma vez usa o mote das histórias juvenis, com uma lição moral dirigida às crianças. Escrita em formato de conto de fadas, uma princesa mimada, acostumada num mundo onde todas as suas vontades são atendidas, torna-se cruel e arrogante e resolve castigar três cegos que falaram mal do seu comportamento egoísta, dando a eles incumbências impossíveis de realizar: o primeiro deve ir ao fundo do mar, o segundo ao espaço infinito e o terceiro a uma selva.
Como num conto de fadas, os três cegos tentarão cumprir suas tarefas e salvar suas vidas. O texto mostra que as virtudes almejadas para uma criança não podem e não devem ser negligenciadas, que a maldade, a arrogância e o egoísmo não levam o ser humano a lugar algum, além de alertar para a responsabilidade dos pais em criar uma criança cheia de vontades, colocando-a acima de tudo e de todos.
Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) foi a maior escritora da literatura brasileira na virada do século XIX para o século XX. Tendo publicado mais de 40 obras, incluindo romances, contos, crônicas e peças de teatro, foi uma das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras, não tendo entrado por ser mulher. Sua obra está sendo redescoberta e hoje Júlia é analisada por pesquisadores de dezenas de universidades no Brasil e no mundo, resgatando seu lugar como a maior romancista brasileira numa época em que praticamente só homens escreviam.