Publicado em 1922, A Isca é um livro composto por quatro novelas, sendo as duas primeiras, A Isca e O Homem que Olha pra Dentro, sobre as relações da sociedade, amores e enganações. Segue-se a novela romântica O Laço Azul, onde Raul se apaixona por duas irmãs, sem saber que são gêmeas. O livro termina com a novela com estilo sobrenatural O Dedo do Velho, em que Claudino é assombrado por uma mão que folheia um livro marcando um texto onde ele deve procurar por outro homem chamado Lourenço, que ele havia conhecido há pouco tempo na casa de Cora, por quem ambos estão apaixonados. Mas Lourenço teve o braço cortado na véspera pelo marido de Cora, levando a descobertas inesperadas.
As novelas deste livro têm sempre um final inesperado, mostrando que somos levados a caminhos desconhecidos por causa de nossas formações e expectativas, com o estilo sempre moderno e surpreendente de Júlia, que nos deixa com uma sensação de tristeza ou um sorriso ao fim de cada história. As quatro narrativas que compõem o livro se destacam pelos recursos romântico-folhetinescos, a representação crítica de elementos sociais e comportamentais e a representação da moderna sociedade urbana brasileira.
Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) foi a maior escritora da literatura brasileira na virada do século XIX para o século XX. Tendo publicado mais de 40 obras, incluindo romances, contos, crônicas e peças de teatro, foi uma das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras, não tendo entrado por ser mulher. Sua obra está sendo redescoberta e hoje Júlia é analisada por pesquisadores de dezenas de universidades no Brasil e no mundo, resgatando seu lugar como a maior romancista brasileira numa época em que praticamente só homens escreviam.