Júlia Lopes de Almeida narra neste que é um de seus mais belos romances, a história do viúvo Argemiro, que fez votos de fidelidade eterna e de nunca mais se casar à sua amada Maria em seu leito de morte. Deste amor, nasceu Maria da Glória, jovem criada pelos avós numa chácara nos arredores do Rio de Janeiro.
Sem tempo para criar a filha, devido ao trabalho, Argemiro a visita na chácara e a recebe ocasionalmente em sua casa, que fica aos cuidados do velho ex-escravo Feliciano, que abusa nas despesas da casa e age como dono, lendo os jornais do patrão e fumando seus charutos.
Argemiro, o protagonista da história, querendo a presença maior da filha em sua casa, coloca um anúncio no jornal para contratar uma governanta e entra em cena d. Alice, moça de fino trato, prendada e fluente em línguas. Glória a rejeita inicialmente, mas acaba sendo conquistada, para profundo desgosto de sua avó Luiza, que passará o resto do livro tentando afastar Alice, de quem ela suspeita estar interessada em tomar o lugar de sua falecida filha, fazendo Argemiro quebrar seu juramento. Num ritmo crescente de suspeitas e desavenças, apenas no final do livro o real objetivo desta intrusa será revelado.
Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) foi a maior escritora da literatura brasileira na virada do século XIX para o século XX. Tendo publicado mais de 40 obras, incluindo romances, contos, crônicas e peças de teatro, foi uma das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras, não tendo entrado por ser mulher. Sua obra está sendo redescoberta e hoje Júlia é analisada por pesquisadores de dezenas de universidades no Brasil e no mundo, resgatando seu lugar como a maior romancista brasileira numa época em que praticamente só homens escreviam.